quarta-feira, 14 de abril de 2010

Vocação, talento a ser cuidado!

Pe. Alexandre De Nardi Biolchi, cs.

Cada ser humano recebe de Deus muitos dons e talentos ao longo da vida. O primeiro deles é o próprio dom de viver. Este talento é algo que ganhamos sem esforço e merecimento algum, é pura graça divina. A vocação é outro dom especial que recebemos de Deus. Ele distribui gratuitamente a cada ser humano este talento, não é igual para todos, mas todos o recebemos em suas distintas formas e especificidades e, nos convida a cuidá-lo, pois do cultivo deste talento depende a nossa felicidade.

Em seu evangelho Jesus conta várias parábolas e em uma delas fala justamente do cuidado que devemos ter com aquilo que recebemos de Deus. Trata-se da Parábola dos Talentos (Mt 25, 14-30). Acredito que esta passagem bíblica pode nos ajudar a entender e a viver melhor o nosso compromisso com a vocação recebida.

Nesta parábola Jesus se auto-representa como um dono de terras que tem que se ausentar e confia aos empregados o trabalho em sua propriedade. Fala-se de três servos que receberam os talentos, segundo suas capacidades pessoais. Eram pessoas que certamente tinham a confiança absoluta do seu senhor. Um recebeu cinco, outro dois e o terceiro um, com toda a liberdade de usá-los como quisessem. O que recebeu cinco, não vacilou, e saiu em busca de um retorno à confiança de seu senhor, da mesma forma fazendo o que recebeu dois. “Mas, aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o talento do seu patrão” (Mt 25, 18).

Por que este empregado que recebeu um só talento enterrou o talento recebido? Parece-nos que aquele homem pensou que enterrando o talento recebido, ficaria neutro e não precisaria nem se desculpar em relação a seu senhor. Ele entenderia sua preferência pela neutralidade e não cobraria dele a falta de uso do talento, afinal, era um só, e não faria falta a seu senhor. Mas neutralidade não é uma opção de quem quer viver uma vocação. Quem procede com neutralidade, mais cedo ou mais tarde irá dar-se conta que a vida fica sem gosto, sem sabor, sem sentido.

Diante desse panorama é preciso criar consciência da nossa missão no mundo, da nossa vocação. Não há dúvida que Deus nos deu muitos dons e talentos. Cabe a cada um de nós descobrirmos quais são eles. E, num segundo momento, fazer nossa opção: que farei com os dons e talentos recebidos? Vou colocá-los a serviço da minha realização humana, da minha felicidade e consequentemente da realização da vontade de Deus ou vou desprezar através de uma “falsa humildade” e enterrá-los?

Sou livre para tomar esta decisão? A vocação é uma opção totalmente minha. Somente eu é que posso decidir sobre meus talentos, sobre minha vocação, sobre meu projeto de vida, sobre meu futuro. Agora bem, dizer que “somente eu posso decidir”, não significa dizer que eu posso fazer o que quero, que “vale tudo”, mas muito pelo contrário, que minha realização humana depende da descoberta da minha vocação e da minha opção pela sua realização tendo o cuidado de cultivá-la. E, não condicionando minha opção por aquilo que os outros pensam e esperam de mim.

Jovem, você não tem nenhuma desculpa para deixar de usar os dons e talentos que Deus lhe deu. Afinal, alguma coisa você sabe fazer. Portanto, procure descobrir quais são os seus talentos, para quê você é chamado, e não demore, comece hoje mesmo a cuidar e a fazer com que estes talentos produzam frutos.

Querido vocacionado, a vocação é um talento que você recebeu de Deus, não para ser enterrado, mas para ser cuidado e cultivado a fim de que possa produzir os frutos desejados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário