quarta-feira, 5 de maio de 2010

Vocação: um chamado, uma resposta de amor!

Pe. Paulo Rogério Caovila, cs
Antes de qualquer reflexão, quero lembrar que a palavra vocação vem do latim vocare e que significa chamado. Quem chama é sempre Deus e quem responde somos nós através da escuta e da disponibilidade em amar e servir. Deus nos escolhe para segui-lo realizar uma missão a serviço do seu povo. Por isso, toda vocação existe em vista de uma missão. E todo chamado acontece a partir de duas liberdades bem concretas: primeiro a liberdade absoluta de Deus em nos chamar, e depois a nossa liberdade de dar uma resposta ao chamado de Deus com discernimento e maturidade. Ninguém de nós pode responder vocacionalmente a Deus sentindo-se pressionado ou forçado. A pessoa tem que se sentir livre para escolher o caminho da realização pessoal.

Deus é infinitamente livre de chamar. Ele é o Pai Criador repleto de amor que busca construir a melhor felicidade possível para todos seus filhos e filhas. Por isso, é que Ele não impõe e não obriga ninguém a ser aquilo que Ele deseja. Ele respeita e aceita o caminho que desejamos seguir. Certamente Ele continuará nos amando com a mesma intensidade. Entretanto, se aceitarmos e assumirmos com bravura a vocação que Deus nos destinou, certamente, seremos muito mais felizes, pois, tivemos a coragem de dizer sim a Deus e enfrentaremos todos os desafios da missão com fé e confiança.

Deus sempre será a fonte da nossa vocação. A iniciativa sempre parte Dele, ou seja, é do coração de Deus que nasce a vocação de cada um de nós. Deus nos dá a vida, a existência como pessoas humanas, feitas segundo a imagem e semelhança de Dele (Gn, 1,26). Deus também nos pede algo, ou seja, lança em nosso coração um convite para uma missão. Ele não deseja agir sozinho. Ele quer que a nossa viva esteja comprometida com a construção do seu Reino. Ele quer que sejamos pessoas felizes. Ele tem um projeto de amor para a cada um de nós. Ele partilha e espera de cada um de nós uma resposta generosa.

Deus nunca nos abandona. Ao longo da vida Ele nos envolve e nos abençoa de tal forma que dificilmente fugiremos do seu projeto. Ele nos fortaleceu e nos comprometeu no dia em que fomos batizados em nome da Santíssima Trindade. Naquele dia, Ele nos chamou (Jo 6,44-65) para uma vida digna do seu amor. O filho Jesus, enviado do Pai ao mundo, que é o nosso mestre, nos convidou a permanecer no seu amor (Jo 15,10). Ele chamou os discípulos, os instruiu e os enviou em missão (Mc 1,16-20 e 16,7.15). E o Espírito Santo ilumina, anima e conduz a nossa vida ao encontro de uma missão (At 13,1-3). Estamos nas mãos de Deus.

Assim sendo, podemos concluir que toda vocação se concretiza num caminho de crescimento. Deus nos chama à vida, Deus estreita a sua amizade conosco através do batismo, Deus nos faz crescer dentro da vida cristã como discípulos de Jesus Cristo e, finalmente Ele nos chama para uma vocação específica na Igreja.

Todos nós nascemos com uma vocação. Logicamente, Deus chama parte dos seus filhos para o ministério ordenado (diácono, padre ou bispo); outros para a vida religiosa-missonária (irmão ou irmã consagrados); outros para a vocação do matrimônio e outros ainda para uma missão como leigos na Igreja e no mundo, como sal e luz (Mt 5, 13-15) exercendo ministérios na comunidade, testemunhando o evangelho de Jesus Cristo.

Todas as vocações são importantes para Deus e necessárias para que o mundo descubra as diferentes formas de amar e servir. A vida é o maior dom de amor que Deus nos deu. Uma prova de que Deus realmente nos ama. Todos nós fomos criados por amor e com a missão de amar a Deus e todos os seus filhos. Quem é egoísta, auto-suficiente, fechado em si mesmo, ganancioso, jamais vai viver uma vocação. Viver uma vocação é viver o amor. Por isso viva para os outros como uma resposta de amor, justiça, paz e felicidade.

Vocação Missionária

Pe. Paulo Rogério Caovila, cs
Todos nós entendemos muito bem que vocação é um chamado de Deus. É uma escolha e uma proposta que Deus nos faz. É um encontro pessoal com o Deus da vida. É um dom precioso que Deus concede a todos os seus filhos através do seu imenso amor. Deus é quem chama e espera de nós uma resposta concreta. Ele espera e confia que nossa opção de vida seja um serviço ao seu Reino de amor.

A grande maravilha do chamado de Deus é que Ele chama cada um de nós para uma missão diferente e todos juntos vivendo a sua própria vocação enriquecemos ainda mais o seu Reino e a vida de todos os filhos de Deus. Respondendo ao chamado de Deus através do seguindo de uma das diferentes vocações: sacerdotal, diaconal, vida consagrada ou religiosa, leiga ou matrimonial, é que conquistaremos a felicidade e vida tem um sentido todo especial.

A vocação missionária esta presente em todos as pessoas que se comprometem com o batismo. A vocação missionária é um chamado especial que Deus lança a tantos padres, religiosos, religiosas, jovens e leigos a deixarem sua comunidade de origem, para se dedicar à evangelização de pessoas e povos de regiões mais necessitadas e carentes.

Em certa ocasião, o venerado Dom Helder Câmara, bispo do Nordeste brasileiro cujo "ímpeto evangelizador" ultrapassou as fronteiras da América e que conseguiu tão bem levar a Boa Nova a todos os continentes afirmou que: "Missão é partir, caminhar, deixar tudo, sair de si, quebrar a crosta do egoísmo que nos fecha no nosso Eu. É parar de dar volta ao redor de nós mesmos como se fôssemos o centro do mundo e da vida. É não se deixar bloquear nos problemas do pequeno mundo a que pertencemos: a humanidade é maior. Missão é sempre partir, mas não devorar quilômetros. É sobretudo abrir-se aos outros como irmãos, descobri-los e encontrá-los. E, se para encontrá-los e amá-los é preciso atravessar os mares e voar lá nos céus, então missão é partir até os confins do mundo."

A vocação missionária é um caminho bonito para amar e se sentir amado (a) por Deus, sentir e descobrir o quanto Deus nos vive conosco. A vocação missionária nos faz entender a declaração do apóstolo Paulo de Tarso: "Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; pelo contrário, é uma necessidade que me foi imposta, Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho" (1Cor 9,16). A vida tem sentido quando temos uma grande causa para lutarmos e só lutamos por aquilo que acreditamos. Assim deve ser o missionário que vive pelo evangelho.

Todos nós somos verdadeiros missionários estejamos onde estejamos. O importante é que estejamos nas mãos de Deus e nos sintamos enviados pelo espírito do mestre Jesus Cristo como ele mesmo nos ensinou: "Não fostes vós que me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi e vos designei para irdes e produzirdes fruto, e para que o vosso fruto permaneça." (Jo 15,16).

Toda vocação para ser bem vivida precisa disponibilidade e grande espírito de serviço, doação, entrega, pratica do mandamento do amor, como o próprio mestre Jesus nos ensinou e viveu plenamente ao enviar os seus discípulos: "Ide, e fazei que todas as nações se tornem discípulas, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mt 28,19-20).

Vocação de Maria: um chamado, uma missão de amor!

Pe. Paulo Rogério Caovila, cs
Antes de qualquer reflexão, quero lembrar que a palavra vocação vem do latim vocare e que significa chamado. Quem chama é sempre Deus e quem responde somos nós através da escuta e da disponibilidade em amar e servir. Deus nos escolhe para segui-lo e realizar uma missão a serviço do seu povo. Por isso, toda vocação existe em vista de uma missão. E todo chamado acontece a partir de duas liberdades bem concretas: primeiro a liberdade absoluta de Deus em nos chamar e, depois a nossa liberdade em responder ao chamado de Deus com discernimento e maturidade. Ninguém de nós pode responder ao chamado de Deus sentindo-se pressionado ou forçado. A pessoa tem que se sentir livre para escolher o caminho da realização pessoal.

Deus é infinitamente livre ao chamar. Ele é o Pai Criador repleto de amor que busca construir a melhor felicidade possível para todos seus filhos e filhas. Por isso, é que Ele não impõe e não obriga ninguém a ser aquilo que Ele deseja. Ele respeita e aceita o caminho que desejamos seguir. Certamente Ele continuará nos amando com a mesma intensidade. Entretanto, se aceitarmos e assumirmos com bravura a vocação que Deus nos destinou, certamente, seremos muito mais felizes, pois, tivemos a coragem de dizer sim a Deus e enfrentaremos todos os desafios da missão com fé e confiança.

Deus sempre será a fonte da nossa vocação. A iniciativa sempre parte Dele, ou seja, é do coração de Deus que nasce a vocação de cada um de nós. Deus nos dá a vida, a existência como pessoas humanas, feitas segundo a imagem e semelhança de Dele (Gn, 1,26). Deus também nos pede algo, ou seja, lança em nosso coração um convite para uma missão. Ele não deseja agir sozinho. Ele quer que a nossa viva esteja comprometida com a construção do seu Reino. Ele quer que sejamos pessoas felizes. Ele tem um projeto de amor para cada um de nós. Ele partilha e espera de cada um de nós uma resposta generosa e concreta. Tal como foi a vocação de Maria.

Uma menina simples, do povo, “cheia de graça”, naturalmente, escolhida e profundamente amada por Deus (Lc 1,26-38). Deus a escolheu através do anjo Gabriel para uma grandiosa missão: ser a mãe do Salvador. Ser aquela que acolheu o Messias no seu ventre materno.

A partir do momento em que Maria aceitou o chamado de Deus e declarou “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo tua palavra!” (Lc 1,38), não teve mais medo da sua futura missão. Andou por caminhos tortuosos, enfrentando viagens duras para uma gestante. Visitou sua prima Isabel (Lc 1,39-56) e, logo após o parto migrou para uma terra estranha a fim de proteger Seu Filho (Mt 2,13-15). Quarenta dias depois do nascimento de Jesus, José e Maria apresentam o menino no templo de Jerusalém a um homem justo chamado Simeão, que os abençoou e anunciou: “Este Menino será um sinal de contradição, para ruína e salvação de muitos em Israel; e uma espada atravessará a tua alma para que se descubram os pensamentos de muitos corações” (Lc 2,22-35).

Maria acompanhou o crescimento do Menino, ensinando-lhe a vontade de Deus. Esteve presente na vida pública e missionária de Jesus; Bodas de Caná (Jo 2,1-10). Sofreu ao perceber a falta do Filho quando retornavam do Templo de Jerusalém (Lc 2,41-50). Chorou Sua morte injusta e alegrou-se com o anúncio da ressurreição, (Jo 19,25-30), a partir da qual passou a abençoar a Igreja nascente. Quando os apóstolos, discípulos e os irmãos de Jesus se reuniram no cenáculo de Jerusalém para esperarem, orando ao Espírito Santo prometido, Maria se encontrava no meio deles (Atos 1,14). Sempre uma presença materna de confiança e fé.

Maria foi fiel ao chamado missionário do Pai. Deixou-se guiar pela Palavra de Deus. Escutou e praticou a Palavra de Deus: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 8,20-21). Que esse testemunho vocacional sirva de modelo para que cada um de nós viva mais intensivamente nossa própria vocação.

O fundador dos Missionários de São Carlos, Bem-aventurado João Batista Scalabrini, foi um bispo muito devoto de Nossa Senhora. Ele vivia apaixonado pela Eucaristia; abraçou o mistério da cruz. Apertando a cruz episcopal ao coração, repetia com freqüência: "Faz-me, Senhor, inebriar com a cruz!". Outro aspecto de sua espiritualidade era a profunda afeição que nutria por Nossa Senhora. Seu amor a Maria se revelava em numerosas práticas devocionais e nas freqüentes romarias aos santuários marianos.

Ele encontrava na oração do rosário força e luz divina para exercer seu serviço aos irmãos e à Igreja. Dizia: “Sede devotos do rosário! Estima-o! Recitemo-lo com fé, com humildade, com devoção, com perseverança. Recitemo-lo cada dia e veremos subir as orações dos homens e descer a misericórdia de Deus”.

Vibrava com as festas de Nossa Senhora, sobretudo da Imaculada. Não se deve, por isso, esquecer a ternura com que ofereceu as jóias de sua mãe à "Nossa Senhora de São Marcos", em Bedônia; nem a devoção à "Nossa Senhora Milagrosa de São Savino", em Piacenza,(Itália).

Peçamos à Deus que abençoe sempre para que sejamos fiéis seguidores do mestre Jesus Cristo tendo como modelo de vida a mãe Maria. Modelo vocacional para todos nós. Deus nosso Pai nos abençoe todos os dias pela interseção de Maria, mãe dos Migrantes.

ONDE VOCÊ BUSCA SUA FELICIDADE?

Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs.

Há quem a busque, em primeiro lugar, no sucesso profissional, procurando a todo custo acumular certificados e diplomas de capacitação, correndo o tempo todo atrás de novas oportunidades e promoções, tecendo contatos com pessoas poderosas e influentes, ocupando todos os espaços que se apresentam; pouco importa se tal atitude, por vezes, “puxa o tapete” a outros candidatos...

Há quem a busque, em primeiro lugar, no bem-estar sócio-econômico, medido-a pelo volume das contas bancárias; pelo estilo e aparência da casa, da chácara, do iate, ou pelas viagens a Miami ou Paris; pelo modelo do carro ou pela atualização permanente do computador e do celular; pela imagem de status diante dos representantes da “socialite”; pelos holofotes da mídia, sempre ávida de exageros e escândalos, como os abutres o são de carne podre...

Há quem a busque, em primeiro lugar, no culto ao corpo, nivelando-a pelo tamanho do bumbum e dos seios; pelo porte esbelto ou pose escultural; pelas roupas de grife última moda, ditadas pelas passarelas; daí a síndrome do corpo perfeito, o risco da anorexia, e o enorme sucesso das academias de “malhação”...

Há quem a busque, em primeiro lugar, no afã insaciável de “ir às compras”, submetendo-se ao rolo compressor da produção-comercialização-consumo, marca registrada da sociedade ocidental; as cores e sons, imagens e luzes do shopping cegam e fascinam, seduzindo os incautos, prontos a adquirir todo tipo de bijuteria que aparece no mercado; quartos, gavetas e bolsos se enchem de objetos que nunca serão utilizados...

Há quem a busque, em primeiro lugar, noutro tipo de consumo, devorando filmes, shows, jogos, programas de TV, teatro, livros best-seller, eventos, enfim, todo tipo de espetáculo; mas tais atrações não conseguem aplacar a carência de novidades; o vazio volta a impor-se com a teimosia e tenacidade da sede...

Há quem a busque, em primeiro lugar, na ânsia mórbida de comer e beber sem medida; o espaço entre as refeições parece interminável e a espera transforma-se num verdadeiro suplício; desencadeia-se uma corrida desenfreada aos hambúrgueres tipo “Mcdonald” e hot-dog, pizzarias, lanchonetes, restaurantes; a boca e o estômago ganham a reverência de deuses tiranos e insaciáveis...

Há quem a busque, em primeiro lugar, em relações superficiais, efêmeras e descartáveis; o sexo se converte num passatempo inconseqüente, a amizade e o amor viram sinônimos de prazer momentâneo, o “ficar” substitui o namorar; o outro, ele ou ela, não passa de um objeto de uso, que se troca facilmente como uma peça de roupa ou do automóvel...

Todas essas buscas representam uma moeda de duas faces: podem estabelecer relações sadias e sadia realização pessoal, por um lado, mas, por outro, quando compulsivamente exacerbadas, podem saturar e conduzir a um beco sem saída. Neste caso, deixam pelo caminho seres humanos feridos, desfigurados, fragmentados, descentrados e perdidos.

Somente uma relação sadia e profunda com a natureza, com as coisas que nos cercam, conosco mesmos, com o outro e com Deus pode trazer uma felicidade duradoura. Evidente que isso exige abertura para um constante morrer, renascer e crescer. Nascimento, morte, renascimento e crescimento só ocorrem em meio à dor. Hoje buscamos analgésicos para tudo, perdemos a lição do sofrimento. Este, se e quando mastigado e digerido no silêncio da reflexão e do entendimento, ensina a caminhar, depura e purifica a alma, “na intimidade ensina sabedoria”, como lembra o salmo.

A felicidade não está nas realizações visíveis, nos atos heróicos, nos gestos grandiosos. Como a água é constituída de mil gotas, ela é feita das pequenas alegrias do cotidiano, de fontes de prazer genuíno e transparente. Uma pessoa feliz não gosta do sensacionalismo da mídia, mas de relações miúdas, firmes e sólidas. O riso lhe vem não tanto do rosto, mas do coração, onde mora a memória dos amigos e a imagem do Deus vivo e presente. Numa palavra, a felicidade não se fundamenta na quantidade matemática dos laços que costura, e sim na profundidade e permanência dessa rede fraterna e solidária.

CRISTO CONTINUA CHAMANDO NOVOS MISSIONÁRIOS

“Jesus continua fascinante”

Assistimos diariamente cenas que expressam o inesperado fenômeno de uma universal redescoberta de valores e avanços tecnológicos. Enquanto o mundo moderno quer anestesiar a dor do seu egoísmo e do individualismo, apaziguar a consciência de ter criado, no universo, tanta complexidade e tantas injustiças humanas, podemos dizer de boca cheia, que a grande maioria dos adolescentes e jovens ainda buscam descobrir o valor de um ideal devida atraente e fascinante.

Enquanto se discutem idéias, direitos, poder, status, conseqüências de atentados terroristas, Jesus Cristo nos traz muito mais do que isso. Ele não traz apenas idéias, mas um ideal de vida a ser seguido, o qual terá como resultado a construção da felicidade e da paz, da justiça e do amor, da solidariedade e da misericórdia, ou seja, o Reino de Deus.

Jesus de Nazaré acolhe, adverte, indica, ensina, ampara, envia, exige e, sobretudo convida pessoas a segui-lo, com grandeza de espírito e total nobreza de coração, para encarar a vida missionária. Ele nos torna verdadeiros “embaixadores de Deus” (2Cor 5,20) e operários da messe imensa, onde poucos se engajam totalmente com coragem (cf. Mt 9,37ss). Convicto da missão que urge e do nosso compromisso cristão fica sempre em nossa mente a responsabilidade do chamado como São Paulo nos lembra: “Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9,16).

Sabemos que todo cristão tem, por livre graça, o chamado de seguir o Cristo, de viver uma vida nova. Todavia, Jesus de Nazaré chama alguns de modo especial. Ele chama para junto de si aqueles que Ele encontra pelo caminho e eles O acompanha como missionários e anunciadores da Boa Nova (cf. Mc 3, Em outra ocasião, Jesus vendo os irmãos Simão Pedro e André, lança um convite radical convidando-os a deixarem tudo e segui-lo (cf. Mt 4,1 8-22). A reação dos dois foi estupenda. Sem hesitação, imediatamente, seguiram a Jesus de Nazaré. Os dois irmãos trocaram a Pátria pelas estradas sem fim em nome de Jesus Cristo.

Só assim entenderemos que vocação é comunhão total com Cristo, pois Ele toca o íntimo da pessoa que o segue. Sem essa vital e crescente intimidade, a vocação se torna apenas uma pura função ou uma profissão meramente executada. ‘todos aqueles que Ele convida para sua intimidade (Jo 1,39), são os mesmos dos quais Ele confia tudo (Jo 15, 15; 15, 26-27) e, ao mesmo tempo, exige tudo: a vida e a morte, conduzindo-os onde Ele mesmo quer (cf.Jo 21, 18).

E Jesus continua chamando outros pelo caminho... (Mt 4,21). Agora é você que Ele está chamando.

Pe. Paulo Rogério Caovila, cs

Como um jovem pode descobrir hoje sua vocação num mundo tão secularizado?

A característica do mundo pós-moderno no qual nos encontramos é a perda da paixão pela verdade. Isto se expressa numa atitude fundamental de indiferença: há como uma perda do gosto a colocar-se a questão do sentido da vida para gostar do imediato. Por isso a primeira condição para que um jovem possa descobrir sua vocação é que ele (a) descubra o gosto das questões últimas. Ás vezes também, a pastoral da Igreja parece mais preocupada a dar respostas que a levantar perguntas verdadeiras nos corações. Uma obra interessante de pedagogia juvenil se chama: Se me amas diga-me que não. Amar verdadeiramente os jovens significa suscitar neles inquietações, não deixar-lhes em paz, provocar-lhes pensar e buscar um sentido além do visível e do imediato.

Para fazer isto, devemos dar aos jovens um testemunho credível da beleza de uma vida vivida no horizonte de uma esperança maior, que abra o coração ao gosto de perder a mesma vida por amor dos outros, e especialmente por amor do Único que possa dar a vida um verdadeiro sentido que não decepcione. O lugar do encontro com este Único tem dois rostos: o primeiro é a oração e segundo é a caridade. Na oração luta-se com Deus, se faz a experiência da sua alteridade que nos se educa ao êxodo sem retorno no qual consiste propriamente o amor. Este amor alimentado pela oração se traduz no compromisso da solidariedade com os mais pobres e os mais necessitados, o empenho da caridade.

Fazendo experiência de oração e de serviço o coração descobre o gosto do sentido verdadeiro da vida: um provérbio da minha terra Nápoles, na Itália diz assim: “Se pode viver sem saber porque, mas não se pode viver sem saber para quem”. O sentido da vida não é nunca algo, mas sempre e só alguém. Anunciar aos jovens este alguém é apresentar a eles Jesus Cristo, a revelação do amor do Pai, testemunho de um horizonte de esperança que vence a dor e a morte. Os jovens nos quais se levantam a verdadeira pergunta não encontrão dificuldades para reconhecer em Jesus anunciado por testemunhos credíveis a possibilidade de uma vida cheia de sentido e de beleza, porque totalmente vivida para os outros e para Deus.

O Que significa ser padre hoje?
No Novo Testamento Jesus é definido o Pastor Belo (Jo.10,11), isto significa que Ele não é só a verdade e a justiça, não é só verdadeiro e bom, ele é também a beleza que salva. Ser padre significa ter feito e fazer a experiência desta verdade, desta justiça e desta beleza de Jesus até o ponto de não poder viver sem compartilhar com os outros a graça da reconciliação recebida em Jesus. Como diz o apostolo Paulo nós não somos os patrões da fé dos outros, mas os colaboradores da alegria deles. Ser padre significa ser um homem feliz por viver, feliz por sentir-se amado por Deus em Jesus Cristo, apaixonado no desejo de comunicar aos demais a alegria deste amor que dá plenamente sentido e beleza a vida.

Eu não tenho medo de dizer que eu sou um homem feliz, feliz por ser padre, feliz por fazer experiência cotidiana do amor de Deus e de poder comunicar aos outros o dom da beleza de Deus. Aos jovens eu digo com convicção profunda de que vale a pena infinitamente entregar toda a vida por uma causa tão verdadeira, tão justa e tão bela como é a causa de servir ao reino de Deus, isto é de amar a Ele e de deixar-se amar por Ele, de amar os demais sobre tudo aqueles que ninguém ama.

Como se descobre a vocação?

Pe. Paulo Rogério Caovila, cs
Com muita freqüência ouvimos perguntas tipo assim: “O que você pretende ser no futuro?” Ou “O que você vai ser na vida?” Ou ainda “Qual profissão você deseja seguir?” São perguntas importantes e necessárias que ajudam o adolesceste a escolher com mais maturidade e simpatia a sua vocação. É a partir dessas perguntas que a pessoa se sente atraída e passa a assumir algumas atitudes que dirão se está no caminho certo ou não.

É surpreendente como Deus cria caminhos tão diferentes e originais. Deus não copia nada de uma pessoa e transfere para uma outra. Ele não repete. Para cada pessoa existe um chamado e um jeito todo especial de entender o seu chamado.

Deus nos chama com total liberdade e também nos permite responder com total liberdade. Deus não desanima de acreditar nas pessoas que escolhe para seguir uma determinada missão. Existem muitos e diversos caminhos para seguir o chamado de Deus. Há várias formas e possibilidades de servir a Deus e aos irmãos.

Para seguir o mestre Jesus Cristo, com a certeza de que somos realmente chamados pelo Pai, é necessário estarmos convictos de que o Espírito Santo nos impulsiona a viver uma verdadeira missão. É necessário acreditar e fazer uma experiência.

Então, como posso saber se tenho vocação? Eis alguns sinais:
• Você tem fé? Acredito que o primeiro sintoma para saber se tenho vocação é a fé, pois toda vocação nasce a partir de um ato de fé que deve ser cultivado.

• Você participa de uma comunidade cristã? É a vida ativa na comunidade que dá um
sentido de pertencer à igreja do mestre Jesus.

• Você participa de retiros ou encontros vocacionais? São momentos de grandes descobertas, aonde se partilha experiências, confrontam-se idéias e oportunidades para tirar dúvidas, bem como chegar a uma conclusão.

• Você gosta de rezar? A oração é o melhor diálogo com Deus. É através do constante diálogo com Deus que saberemos o que Ele espera de nós.

• Você pratica gestos de caridade? Você gosta e luta por uma vida mais digna e justa para os excluídos, marginalizados, oprimidos, migrantes e refugiados...? A caridade é uma prova de amor alimentada através da oração e que se traduz no compromisso da solidariedade com os mais necessitados.

• Você já conversou com algum padre ou com uma irmã a respeito da sua vontade de saber o que Deus espera de você?

• Você já teve coragem de visitar um seminário ou uma casa de irmãs? Saber como é a vida de formação no seminário ou numa casa de irmãs nos deixa mais tranqüilos e seguros.

• Você tem qualidades? Você tem facilidade de ser honesto, verdadeiro, transparente, justo, coerente com os outros? É Deus que nos dá as qualidades necessárias para servir. Na Igreja todos somos chamados a servir. O testemunho partiu do mestre Jesus, antes da ceia com seus discípulos (Jo 13,12-14).

Nossa grande segurança sempre será o mestre Jesus. “Eu sou a Luz do mundo. Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). "Eis que estarei sempre convosco, até ao fim do mundo" (Mt 28, 20). Esta é a promessa que Cristo fez aos seus discípulos, ao preparar-se para deixar o mundo e voltar para o Pai.

É preciso caminhar e acreditar que sempre é possível. Só assim, a conquista será vitoriosa, como diz o ditado: “Mais vale a lágrima da derrota, do que a vergonha de não ter lutado, por isso luta por tudo aquilo que sonhaste, mesmo que te custe uma lágrima derramada”.

COMO SABER SE TENHO VOCAÇÃO?

Pe. Paulo Rogério Caovila, cs
Com muita freqüência ouvimos perguntas tipo assim: “O que você pretende ser no futuro?” ou “O que você pretende ser na vida?” ou ainda “Qual profissão você deseja seguir?” São perguntas importantes e necessárias que ajudam o adolesceste e o jovem a discernir com mais maturidade e simpatia uma vocação. É a partir delas que a pessoa se sente atraída e passa a assumir algumas atitudes que dirão se esta no caminho certo ou não. É necessário acreditar e fazer uma experiência.

É surpreendente como Deus cria caminhos tão diferentes e originais. Deus cria a uma maneira diferente para cada um de nós. Não copia nada de uma pessoa e transfere para uma outra. Deus não repete. Para cada pessoa existe um chamado e um jeito todo especial de entender o seu chamado.

Deus nos chama com total liberdade e também nos permite responder com total liberdade. Deus não desanima de acreditar nas pessoas que escolhe para seguir uma determinada missão. Existe muitos e diversos caminhos para seguir ao chamado de Deus. Há várias formas e possibilidades de servir à Deus e aos irmãos.

Para seguir o mestre Jesus Cristo com a certeza de que somos realmente chamados pelo Pai é necessário estarmos convictos de que o Espírito Santo nos impulsiona a viver uma verdadeira missão.

Então, como posso saber se tenho vocação? Eis alguns sinais de vocação:
 Você tem fé? Acredito que o primeiro sintoma para saber se tenho vocação é a fé, pois toda vocação nasce a partir de um ato de fé que deve ser cultivado.

 Você participar de uma comunidade cristã? É a vida ativa na comunidade que dá um sentido de pertencer à igreja do mestre Jesus.

 Você participa de retiros ou encontros vocacionais? São momentos de grandes descobertas, aonde se partilha experiências, confronta-se idéias e oportunidades para tirar dúvidas.

 Você gosta de rezar? A oração é o melhor dialogo com Deus. É através do constante dialogo com Deus que saberemos o que Ele espera de nós.

 Você teve coragem de visitar um seminário ou uma casa de irmãs? Saber como é a vida de formação no seminário ou numa casa de irmãs nos deixa mais tranqüilos e seguros.

 Você já conversou com algum padre ou com uma irmã a respeito da sua vontade de saber o que Deus espera de você?

 Você pratica gestos de caridade? Você gosta e luta por uma vida mais digna e justa dos excluídos, marginalizados, oprimidos, migrantes e refugiados...? A caridade é uma prova de amor alimentado através da oração e que se traduz no compromisso da solidariedade com os mais necessitados.

 Você tem facilidade de ser honesto, verdadeiro, transparente, justo, coerente com os outros?

 Você tem qualidades? É Deus que nos dá as qualidades necessárias para servir. Na Igreja todos somos chamados a servir. O testemunho partiu do mestre Jesus, antes da ceia com seus discípulos (Jo 13,12-14).

Nossa grande segurança sempre será o mestre Jesus. “Eu sou a Luz do mundo. Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). "Eis que Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo" (Mt 28, 20). Esta é a promessa que Cristo fez aos seus discípulos, ao preparar-se para deixar o mundo e voltar para o Pai.

É preciso caminhar e acreditar que sempre é possível. Só assim, a conquista será vitoriosa, como diz o ditado: “Mais vale a lágrima da derrota, do que a vergonha de não ter lutado, por isso luta por tudo aquilo que sonhaste, mesmo que te custe uma lágrima derramada”.

COMO CULTIVAR A VOCAÇÃO

Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs
Vocação é semente lançada no coração de cada pessoa. A semente cai na terra, pouco a pouco vinga e começa lentamente a brotar. Busca o céu, o ar livre, a luz! Mas antes de se tornar flor ou espiga, mergulha as raízes no solo úmido e frio. As vocações são diferentes, nem melhores nem piores umas em relação às outras, apenas diferentes. Das várias vocações, surgem o jardim. Este é tanto mais belo quando mais diferenciadas as flores. Evidente que se Deus é o Grande Jardineiro, os nossos vocacionistas são os jardineiros auxiliares.

Quatro campos, interagindo complementariamente, contribuem para que a semente se converta em botão e este em flor. O primeiro deles é o coração e a consciência do vocacionando. Coração e consciência são terrenos sagrados. Ninguém entra nesse sacrário humano. O próprio vocacionando é que pode parar alguns minutos por dia – cinco, dez, vinte, trinta – para conversar com Deus. Nesses momentos de silêncio e de oração, a sós com Jesus, pode discernir melhor sua vocação, sintonizar-se com a vontade do Criador e fortalecendo sua decisão.

O segundo campo é a família. Aqui também há um terreno único e sagrado. Cada família tem sua história, seus segredos, desenvolve uma certa intimidade. É aí que o vocacionando pode fazer a diferença. Se ele levar a sério os momentos de silêncio de oração, do item anterior, semelhante atitude terá repercussões no interior de toda a família. Não há necessidade de ser piegas, beato ou fanático, apenas aprofundar-se no discernimento sério e consciente da própria vocação. Por outro lado, muitas vocações já nascem em ambientes familiares que promovem o desenvolvimento da semente em botão e deste em flor. Nem precisaria acentuar a importância de um relacionamento sadio com o pai, mãe, irmãos e demais familiares.

Em terceiro lugar, temos a vida eclesial. Nenhum vocacionando vai à frente sem uma vida eclesial sólida e freqüente. O vínculo com a comunidade da qual faz parte ou com a sua paróquia deve fazer parte do dia-a-dia. Aqui as receitas são as de sempre: bom relacionamento com o padre, ministros, catequistas e agentes de pastoral; oferecimento para ajudar na catequese, na liturgia, no canto ou como coroinha; mas especialmente a participação assídua na eucaristia. A comunidade ou paróquia deve figurar como a segunda família. De nada adianta deixar a vida eclesial de lado e dirigir-se direto a uma Congregação ou diocese para discernir a vocação.

E assim entramos no último campo: o relacionamento com a Congregação à qual o vocacionando se sentiu atraído. Como já vimos, se Deus é o Grande Jardineiro desse campo de flores que são as diferentes vocações, os animadores vocacionais são aqueles que estão encarregados de cuidar mais de perto do jardim. Cartas, visitas, telefonemas, contatos com a família são suas formas de agir. Além disso, vez por outra, é preciso reunir todas as flores em encontros periódicos para cada um dar-se conta que não está só. Mesmo distintos e vindos de lugares diferentes, formamos um jardim. Mas esse relacionamento deve ter mão dupla: do animador vocacional para o vocacionando, mas também deste para aquele. A relação deve ser recíproca.

E aqui entra outra tarefa do animador vocacional. Informar sobre a origem da Congregação, a história e obra do fundador, o carisma e a missão a que somos chamados, onde estamos atuando pelo mundo afora, a necessidade de novos missionários, e assim por diante. É assim que a vocação vai amadurecendo para algo mais sólido.

Repetindo as quatro formas de cuidar da semente, da flor frágil e do jardim: oração pessoal com Deus, bom comportamento na família, uma participação ativa na comunidade ou paróquia e um relacionamento freqüente com a Congregação através dos animadores vocacionais.

ANIMAÇÃO VOCACIONAL

Pe. Alfredo J. Gonçalves, cs

Para falar de Animação Vocacional, tomemos três metáforas: teimosia da vida, as estações do ano e a lição da árvore. Vamos à primeira, que vem da Campanha da Fraternidade de 2008. Sabemos que a natureza dotou todas as formas de vida – vegetal, animal e humana – com a capacidade de reproduzir-se. Consciente ou inconscientemente, a vida gera sementes, filhotes ou filhos com o instinto de perpetuar-se em gerações futuras. Por mais ameaçada que seja, ela luta, teima, recria as condições de sua própria continuidade. A recente emergência do prefixo grego bio (= vida) na mídia em geral e até mesmo na linguagem popular reflete, por um lado, uma ameaça à biodiversidade (a vida em suas diversas expressões) e, por outro, uma reação de estudiosos, ambientalistas e movimentos sociais no sentido de combater essa ameaça e preservar a vida a todo custo.

No caso dos seres humanos, em perspectiva cristã, a reprodução da vida passa pelo sacramento do matrimônio e pela formação da família. Da mesma forma que a família biológica luta para perpetuar sua descendência, a Família Religiosa Scalabriniana também o faz. Os religiosos têm sua maneira de “gerar filhos e filhas”. É aqui que a Animação Vocacional encontra sua razão de ser. Se é verdade que todo o religioso e religiosa é chamado a ser animador vocacional, também é certo que alguns dentre eles são especificamente designados para essa missão de despertar novas vocações religiosas a serviço do carisma. Os meios ou etapas para isso, nós bem os conhecemos: o testemunho vivo de cada padre, cada irmã, cada missionária ou cada leigo scalabriniano; a ação da pastoral vocacional direta e explícita entre as famílias, escolas, comunidades e paróquias; o acompanhamento freqüente dos meninos e meninas que vão manifestando o embrião vocacional do serviço missionário pleno; o esforço conjunto pela perseverança daqueles que, em nossas casas, já se encontram no processo de discernimento e formação.

A segunda metáfora tem a ver com as estações do ano. Em tempos passados, experimentamos com entusiasmo e alegria uma primavera das vocações sacerdotais, religiosas, missionárias e leigas. Hoje tudo indica que estamos no outono. Não é ainda o inverno, mas é inegável que a estação se revela fria e estéril. Ao invés de flores brotando, deparamo-nos predominantemente com as folhas caindo. Evidente que tudo isso deve ser entendido num contexto mais amplo. Vivemos em uma sociedade fortemente apelativa, permissiva, carregada de luzes, sons, objetos e imagens. A criança, o jovem e o adolescente, em sua sede de busca e de sentido, são diariamente bombardeados com uma imensa profusão estímulos de toda ordem: dinheiro, sucesso, sexo fácil, moda, consumo, etc. As seduções chegam de todos os lados e todas as formas. O grande paradoxo é que quanto mais o jovem se deixa levar por esses estímulos, mais tendem a crescer dentro de seu coração e de sua alma a sede, o vazio e o tédio. A água que ele encontra é turva e enganosa. No fundo dessa busca, nós bem o sabemos, há uma sede de Deus, de um sentido mais profunda para a própria existência, de uma razão para construir o futuro.

Onde encontrar a água viva que mata toda sede e todas as sedes? Aqui entra novamente a ação da Animação Vocacional. Trata-se da difícil tarefa de remar contra a corrente. Em meio ao turbilhão de atrações que a sociedade põe à disposição do indivíduo, apresentar o caminho estreito da entrega e da missionariedade. De fato, o caminho largo, aparentemente cheio de opções e realizações, a longo prazo revela-se ilusório: a sede persiste e a desilusão se instala. O caminho estreito, ao contrário, embora inicialmente pouco atrativo, conduz à fonte da água viva. Mas o desafio permanece: como falar deste caminho a jovens e adolescentes cegos pelo brilho dos holofotes e do marketing da sociedade moderna ou pós-moderna?

Além disso, em épocas passadas prevalecia na juventude (e na sociedade em geral) o leitmotiv do bem estar social. Não era difícil encontrar jovens e adolescentes para as mais variadas campanhas de solidariedade. Nos dias atuais, em contrapartida, parece prevalecer o bem estar pessoal, dominando por um individualismo e um isolamento crescentes e doentios. Resulta que o culto ao corpo e à própria imagem, a busca do prazer até mesmo através do álcool e da droga, a onda do “estar numa boa”, a relação supérflua e descartável do “ficar” ao invés do responsável “namorar” – acabam se sobrepondo ao sadio entusiasmo do encontro, da doação e de serviço. Volta o desafio da Animação Vocacional: como falar de entrega e de luta pela justiça a jovens e adolescentes que se desenvolvem como caramujos, voltados para si mesmos?

Por fim, a metáfora da árvore. Em tempos de seca, ela se alimenta dos nutrientes que acumulou na raiz. A lição pode trazer luzes para a Animação Vocacional. Em meio à estação adversa que estamos atravessando, seja em termos de novas vocações como em termos de perseverança, resta a alternativa de “beber do próprio poço”, para usar a feliz expressão de Gustavo Gutierrez. Qual o poço do carisma scalabriniano? De que fontes ele se alimentou ao longo da história? Basicamente de três: a Boa Nova de Jesus Cristo, a intuição de Scalabrini e o desafio das migrações.

Aí está o maior desafio: voltar às fontes, onde a água é mais pura e cristalina. No seguimento de Jesus Cristo, não basta anunciar a Boa Nova com belos discursos. O mais importante é testemunhar a alegria de ser “discípulo e missionário”, como nos alerta o Documento de Aparecida. Não tanto falar de uma Boa Notícia, mas ser essa Boa Notícia entre os jovens e adolescentes de hoje. Evidente que isso exige, de um lado, novo re-encantamento pela mensagem do Evangelho e, de outro, o cultivo de uma intimidade com Jesus Cristo, através da oração e da Eucaristia. Essa prática, por si só, embora não dispense a animação vocacional explícita, será sem dúvida a melhor forma de cativar e chamar o jovem ao caminho do Senhor.

O mesmo vale para a figura de Scalabrini. Também neste caso, não basta conhecer sua biografia, seus escritos e suas obras. Além disso, é preciso seguir-lhe os passos. Convém alertar para o fato de que seguir não é imitar, mas recriar a intuição e sua solicitude pastoral do fundador no contexto dos desafios atuais. Isso é importante porque vemos surgir por aí algumas práticas recentes que visam muito mais uma imitação pura e simples de fundadores e fundadoras, não raro historicamente anacrônica, do que a incorporação do espírito de sua obra diante do mundo contemporâneo.

Quanto às migrações, não é novidade de que elas continuam cada vez mais intensas, complexas e diversificadas. Diagnosticar os males e os valores inerentes ao fenômeno da mobilidade humana leva a descobrir as luzes e sombras na vida dos migrantes. Enquanto para os governos e para a sociedade os migrantes muitas vezes são vistos como “problema”, para a Igreja em geral, e para a Família Scalabriniana em particular, eles devem ser uma “oportunidade”, um potencial evangelizador ou uma profecia a caminho. Quando se movem, eles põem em marcha a própria história e fazem mover-se a Igreja. São protagonistas, ao mesmo tempo, de denúncia e de anúncio. Anunciam as injustiças e assimetrias de um mundo desigual e anunciam a necessidade de mudanças urgentes e necessárias.

A Boa Nova de Jesus Cristo, o exemplo de Scalabrini e as dores e esperanças dos migrantes constituem nossas fontes mais genuínas. Novamente aqui, se soubermos beber dessa água viva, passaremos a ser animadores vocacionais espontâneos, sadios e alegres. O poço revigora as forças do peregrino, dá-lhe novo ânimo e o faz voltar ao caminho. Isso contudo, repetimos, não dispensa a necessidade de pessoas e instrumentos próprios para uma Animação Vocacional específica e sistemática.

A VOCAÇÃO DA COMUNIDADE

O batismo é uma vocação. È a fonte da nossa missão. É um chamado para uma vida mais comprometida com a perfeição da comunidade. O mestre Jesus convocou-nos para sermos "perfeitos, como o vosso Pai do céu é perfeito" (Mt 5,48). Somos todos chamados a ser missionários e profetas do Reino de Deus dando testemunho vivo da nossa vocação. O chamado é sempre uma iniciativa que parte de Deus e a resposta é de cada cristão.

O profeta Jeremias, logo no início de seu livro bíblico, relata a existência humana e sua vocação para ser profeta, habitando desde sempre no coração de Deus. Diz ele: “Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações. Vamos, põe a roupa e o cinto, levanta-te e comunica-lhes tudo que eu te mandar dizer: não tenhas medo” (Jr 1, 5.17).

Santo Agostinho recorda que a vocação de todo ser humano é atuar, com seus carismas, para o Reino. “Mas quem opera é Deus: Deus opera, o homem coopera!”. E o Apóstolo Paulo, declara que é preciso que haja "diversidade de dons". Mas, ninguém esqueça, “o Espírito é um”. “Os ministérios (serviços) são muitos. Mas um só é o Senhor. Há muitos trabalhos. Mas um só Deus opera tudo em todos! A cada um é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum” (1Cor 12,4-7), insiste ele, para tentar unificar uma comunidade divida, onde cada qual parecia estar buscando sua própria glória e não o serviço ao outro.

Viver em comunidade é servir a Igreja, seja como leigo, como religioso ou como sacerdote. Na Igreja todos somos chamados a servir. O testemunho partiu do mestre Jesus, antes da ceia com seus discípulos, Ele lavou e enxugou-lhes os pés, servindo a cada um deles, até mesmo aquele que o trairia. “Depois de lhes lavar os pés e tomar as suas vestes, sentou-se novamente à mesa e perguntou-lhes: Sabeis o que vos fiz? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros" (Jo 13,12-14).

Nossa missão é uma riqueza incalculável na vida da comunidade cristã. Somos responsáveis pela vida da comunidade, pois Cristo nos entregou o compromisso de sermos o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5,13-14). Cabe aos catequistas, ministros extraordinários da eucaristia, coordenadores dos movimentos e pastorais, os agente de animação das santas missões populares, padres, etc, a missão de dinamizar a vida e a nobre beleza de viver em comunidade. “Irmãos amados por Deus, fostes escolhidos por Ele” (1 Ts 1, 4).

Nossa grande segurança sempre será o mestre Jesus. “Eu sou a Luz do mundo. Quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). "Eis que Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo" (Mt 28, 20). Esta é a promessa que Cristo fez aos seus discípulos, ao preparar-se para deixar o mundo e voltar para o Pai.

Jesus ressuscitado despede-se dos Apóstolos com estas palavras, antes de voltar para o Pai: “Ide!”. A sua última palavra é um convite à missão e, ao mesmo tempo, uma promessa, um testamento e um compromisso. Cristo confia aos discípulos a sua mensagem de salvação e pede-lhes que a difundam e dêem testemunho da mesma até aos extremos confins da terra. “Portanto, ide e fazei com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19).

É preciso caminhar e acreditar que sempre é possível. Só assim, a conquista será vitoriosa, como diz o ditado: “Mais vale a lágrima da derrota, do que a vergonha de não ter lutado, por isso luta por tudo aquilo que sonhaste, mesmo que te custe uma lágrima derramada”.

Pe. Paulo Rogério Caovila, cs.
paulocaovila@uol.com.br
Fone: (11) 2273 9214 ou 6163 1492
www.escalabrinianos.com.br

A QUEM DAREI MEU CORAÇÃO?

Pe. Paulo Rogério Caovila. cs
Quem de nós nunca se perguntou um dia: a quem darei o meu coração? Quem é digno de receber meu coração? Quem irá cuidar dele? A quem poderei entregá-lo, tendo uma profunda tranqüilidade e paz?

Diante de tantos caminhos que a vida nos oferece, muitas vezes não sabemos responder. Ficamos vazios e indecisos, esperando que a vida nos mostre um caminho e não procuramos fazer da nossa vida um caminho para decidir com clareza o chamado de Deus.

Deus começa nos chamando à vida e a partir do nascimento nos dá o direito de conquistarmos a plena felicidade. Deus quer que tenhamos uma vida feliz. Quer que sejamos capazes de descobrir nossa vocação que se fortalece com a graça do batismo, o qual nos concede outras tantas outras missões. Deus nos chama, o mestre Jesus Cristo nos escolhe e o Espírito Santo nos envia. Por isso, é que todos nós somos fruto de uma eleição divina (Ex 3,10.16; Is 6,9; Jr 1,7; Mc 3,13; Lc 9,57-62; Jo 6,44).

É bem verdade que Deus nos chama de formas e idades tão diferentes. O profeta Jeremias (1,4-10), por exemplo, foi escolhido por Deus para ser profeta ainda antes de nascer. Outros sentiram-se chamados numa idade mais adulta. Entretanto, é no período da adolescência e da juventude que o chamado vocacional se faz sensível. É neste período que mais aflora o questionamento vocacional. É neste período que nasce o impulso de um novo protagonismo de vida em vista de um futuro realizado.

Na vida existem várias oportunidade que nos favorecem um verdadeiro discernimento e amadurecimento vocacional. Para isso precisamos dar espaço para que Deus nos fale. É preciso buscar um discernimento sincero e coerente para que nossa vida tenha um sentido todo especial nas mãos do nosso Criador e assim poder afirmar: “De lá, então, você buscará ao Senhor seu Deus e, se o procurar com todo o coração e com toda a alma você o encontrará ... e obedecerá à voz Dele.” (Dt 4,29-30).

É preciso partir sem medo e descobrir o rosto do Cristo jovem, humano, filho de Deus, o “filho do carpinteiro”, o mestre de Nazaré vocacionado do Pai, o amigo de todos, aquele que é capaz de despertar em nós sentimentos nobres de esperança, amor, partilha, solidariedade, oração, fraternidade, de doação pelo outro e de salvação eterna. É preciso doar a nossa vida por uma causa maior. Enriquecer-se espiritualmente para que como jovens maduramos saibamos dar sentido à vida.

No mundo de hoje encontramos muitos jovens sem ideais para lutar, sem saber o querem ser na vida. Também, vemos outros tantos que buscam viver com responsabilidade o compromisso com o futuro. E encontramos jovens fascinado por Jesus Cristo, o Caminho, Verdade e Vida, que entregam seu coração a Deus e lutam sensibilizados servindo aos pobres e aos carentes, fazendo parte da comunidade dos batizados que constroem um mundo novo, maneira pela qual estão ganhando a própria vida, “pois, quem quiser salvar sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim vai encontrá-la” (Mt 16,25).

O jovem rico em Mt 19,16ss desejava alcançar a vida eterna, mas também os bens terrenos. Seu coração era das riquezas. Não tinha um coração aberto e receptivo para crer em Jesus. Faltava-lhe a compreensão e o conhecimento da pessoa simpática e coerente de Jesus Cristo. E eu aonde desejo colocar o meu coração? De onde vem minha alegria? Tenha coragem, seu coração merece ser feliz. Tudo depende das suas escolhas, dos caminhos que você optar.

A DECISÃO DOS JOVENS

É muito comum encontrarmos jovens preocupados com o seu futuro. Quem de nós nunca conversou com jovens cheios de indecisões, angústias, incertezas, dúvidas e, ao mesmo tempo com grandes perspectivas? Quem nunca viu pais preocupados com a escolha vocacional ou profissional dos seus filhos? Os filhos tentam realizar o sonho, acertar na vida e os pais influenciam, incentivam, reclamam, provocam e acabam torcendo para que o filho seja feliz na escolha.

Ainda quando estão cursando o Ensino Médio, com o rosto florido de espinhas, os jovens sentem o desafio de enfrentar as exigências do mundo. São convocados a se especializarem em múltiplos cursos para conquistar um lugar decente na sociedade. A luta começa na adolescência, torna-se uma grande viagem interior e acaba quando os jovens sabem escolher com coragem e bom gosto o caminho que desejam seguir.

A grande decisão raramente é tomada durante a adolescência e sim depois de terem vivido uma, duas ou mais experiências, ou seja, já com uma certa maturidade emocional. Muitos jovens decidem começar uma faculdade e, depois de certo tempo, resolvem trocar porque perceberam que a opção não tinha sido consciente. Isso também acontece no mercado do trabalho. Muitos jovens mudam de trabalho com freqüência. Buscam um lugar que melhor atenda suas necessidades, seus desejos.

Essas mudanças são positivas, necessárias e importantes, pois motivam ainda mais o ser humano e também porque a vida é dinâmica, precisa ser desafiada para evoluir. Não pode ser estática. É próprio dos jovens buscar a novidade, o diferente, aquilo que mais os atrai no momento, renovar as opções para encontrar o caminho autêntico. Como nos ensina Gandhi: “Se queremos progredir, não devemos repetir a história, mas fazer uma história nova”.

Os jovens se adaptam com muita facilidade aos novos caminhos. A vida só tem sentido se for preenchida com motivações que nos realizam, tanto vocacional como profissionalmente.

Muitas alternativas são oferecidas, porém, nem todas são opções fáceis. Muitos tentam seguir a profissão dos pais que tiveram sucesso. Outros buscam uma profissão que anda na moda, que tenha um mercado de trabalho promissor, ou seja, em que consigam receber um bom dinheirinho. Há, também, os que escolhem um caminho de que gostem e no que se sintam felizes, apesar de não ser muitas vezes tão bem reconhecido pela sociedade. E, ainda, há os que abraçam com alegria o chamado de Deus como um serviço de gratuidade e amor aos mais necessitados e são felizes e realizados no caminho escolhido.

É bem verdade que a escola, as lideranças políticas e comunitárias e, acima de tudo, os pais têm uma importância grande quanto ao futuro dos filhos. Entretanto, é o próprio jovem que tem o compromisso e o direito de buscar novas alternativas de viver bem, conforme suas afinidades, gostos, aptidões profissionais.

É preciso caminhar e acreditar que sempre é possível descobrir aquilo que nos falta, e que nos realize interiormente mesmo que custem sacrifícios e renúncias. Só assim, a conquista será vitoriosa, pois como diz o ditado: “Mais vale a lágrima da derrota, do que a vergonha de não ter lutado, por isso luta por tudo aquilo que sonhaste, mesmo que te custe uma lágrima derramada”.

Pe. Paulo Rogério Caovila, cs.
paulocaovila@uol.com.br
Fone: (11) 2273 9214 ou 2063 1492
www.escalabrinianos.com.br