Acima de todos os muros e cercas
Erguem-se os sonhos dos que migram:
Como espigas de milho ou cachos de uva,
Levantam-se do chão para buscar o sol.
Acima dos impérios e seus tiranos
Ergue-se a esperança dos que caminham:
Como um rio que tudo arrasa ou tudo irriga,
Segue para o mar, irmão de todos os povos.
Acima das leis que defendem a riqueza de poucos
Erguem-se o canto e a dança das multidões:
Como um jardim no despontar da primavera,
Espalham flores e cores pelas ruas e campos.
Acima dos latifúndios e das contas bancárias,
Erguem-se o sorriso da criança e o olhar do amor:
Como estrelas em meio à noite escura,
Apontam o rumo da grande travessia.
Acima do trovão e da força das armas
Ergue-se o som dos passos em marcha:
Aos milhares buscam o horizonte
De um amanhã que já se faz menino.
Acima da guerra, da violência e da morte,
Ergue-se a voz dos que querem viver:
Como uma orquestra de cores e amores
No solo da história lança a semente.
Acima das fortalezas e dos exércitos
Ergue-se o grito dos que não se deixam abater:
Como o beijo da aurora que se aproxima,
Leva luz aos subterrâneos e porões ocultos.
Acima da fronteira que divide e separa
Ergue-se a utopia da cidadania universal:
Como o vento que não conhece barreiras,
Anuncia que o mundo é nossa pátria!
Pe. Alfredo José Gonçalves
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