sexta-feira, 4 de junho de 2010

Que é a Vocação?

Todo ser humano tem uma missão a cumprir dentro das condições mais diversas. Para a pessoa humana realizar essa missão perfeitamente necessita descobrir a sua vocação. Mas, infelizmente muitos passam toda a vida sem saber nem mesmo o que é a vocação ou acabam tendo uma idéia falsa do que ela significa e, portanto, jamais chegarão a fazer uma opção.

Que é a vocação? Segundo um renomado dicionário da língua portuguesa, vocação é o ato de chamar, tendência, pendor, talento, aptidão, etc. Esta definição não está errada, porque de fato vocação, proveniente do verbo latino “vocare”, significa chamar. Entretanto esta definição nos parece incompleta. Vocação é muito mais que isso. Vocação é uma inclinação para algo determinado e chamado da graça à ordem sobrenatural. Portanto, vocação é um convite, um chamado de Deus que encontra na pessoa humana a resposta generosa ao aceita-la ou egoísta ao negá-la.

A vocação é uma graça, um Dom de Deus. Uma vocação caracteriza-se por uma série de dons, de luzes, de inspiração sobrenatural, baixo cuja influencia, a alma sente-se atraída a um estado ou outro. A vocação é um mistério de amor entre Deus que, por amor, chama a pessoa humana que, também por amor, lhe responde livremente.

Aqui temos que fazer uma importante distinção. Uma vocação nunca se poderá discernir sem a liberdade de pensamento. Deus criou o homem e a mulher livres, ou seja, a sua Imagem e Semelhança (Gn 1, 26). Portanto, se a alguém o obrigam a escolher uma determinada vocação, por um ou outro motivo, isso não é graça e chamado de Deus, mas sim fanatismo e escravidão. Por isso para descobrir qual é a vocação a que Deus chama é preciso consultá-lo.

São Paulo, no momento decisivo de sua conversão exclamou: “Quem és tu, Senhor?” (At 22, 8). E, em seguida perguntou: “Que devo fazer, Senhor?” (At 22, 10). Esta deveria ser nossa oração. Esperando que no silêncio a inspiração divina suscite uma resposta em nosso coração.

Muitas pessoas buscam tantos conselhos na vida, cartomantes, conselhos telefônicos, amigos, etc., e quase nunca deixam a Deus falar. Devemos recordar que a oração não é um monologo, mas um diálogo. Não basta com falar a Deus de tantas e tantas coisas, é preciso que lhe demos espaço para que ele nos fale. É preciso aprender a estar em silencio, para poder escutar a voz de Deus. Jesus mesmo, antes de sua vida pública, foi ao deserto – lugar de silencio – para jejuar e orar. E, foi neste silêncio que soube diferenciar as tentações do demônio da vontade de Deus.

A vocação não é uma ordem, senão um chamado, um convite. Deus dá continuamente suas luzes, como um suspiro. Recordemos a passagem do livro dos Reis, onde o profeta Elias escondeu-se em uma gruta e esperou o Senhor. Primeiro chegou um furacão, mas o Deus não estava ali. Logo um grande terremoto, mas tampouco Deus estava ali. Depois do terremoto, apareceu fogo, mas Deus não estava no fogo. Finalmente, chegou uma brisa suave e Elias reconheceu Deus e saiu dela (cf. 1 Reis 19, 9-14).

A vocação não é um sentimento, na verdade a vocação não se sente. É, antes, uma certeza interior que nasce da graça de Deus que me toca a alma e que me pede uma resposta livre. Caso Deus chame, a certeza irá crescendo na medida em que a sua resposta for mais generosa. Assim, a fonte da vocação é sempre Deus. Aquele que livre nos criou nos chama para que na liberdade possamos optar por amar e servi-lo.

Pe. Alexandre De Nardi Biolchi, cs.
Passo Fundo/RS.

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